quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

A Moça da Torre

Ai.
Esbarraram nas costas do monte de Shizuan
e quebraram as pétalas das minhas esculturas.
Elas tinham, entre suas carnes, uma floração de nenúfares
capaz de desencaminhar os tais ensejos do Dragão.
Não eu, Elas.
Talvez, por isso, tivesse sobrevivido até aqui

(e de rasparem a quilha desses meus medos em uma vênula-coral
que não estanca pigmentos vermelhos).
Um olhar está todo quebrado
e tem ternuras só por vestígios.
Algum arqueólogo que salve seu pólen?
Algum insecto que doe a finura nas asas?
Ah, até a Moça da Torre, com seu perfume-sândalo e uma insônia infinita,
morava entre meus decalques. E tão recentemente que meu coração ainda a aninha nos versículos.
Nos anos 40, Cortázar, lá da América do sul,
desenhou um risco no céu, coisa de fogo.
Foi ligar pontos, içou a Moça num tal 2008, sem fagulhas no atrito.
(usou palavras que não se repetem, como nessas grutas da China).
Chegar perto Dela de carrinho de rolimã?
Passar pelas cerejeiras, caminhos leves, folhas secas, pés nus?
Perguntar do que gosta, decodificar seus mapas, como se possível?
Assim, vão orvalhado de florestas, ainda vive?
E voa?

15 comentários:

Grazzi Yatña disse...

Ainda vive e cai dentro de quedas..e quedas..e quedas..

Que texto comovente..como um poço acariciado por vaga-lumes..

Beijos!

Izabel Xarru disse...

É seu.

Unknown disse...

Ainda tá difícil pra mim.
Será que ando lendo muito Xico Sá?
Rs, valeu!

Samantha Abreu disse...

essa história com Cortázar...
A mistura da fantasia, com a uma realidade tão intimamente tocável...
fiquei encantada, é a palavra.

Beijos!

Anônimo disse...

que passagem linda: "Um olhar está todo quebrado e tem ternuras só por vestígios". pegou-me pelo fio!

Julia-Guilhotina disse...

Bel, que vontade de te ver...ou pelo menos de falar com voce...voce deve saber que mora no meu coração...seus textos são sublimes, mesmo quando aflitos são suaves...como voce...me escreve, me liga, sei lá...vai meu email monicamafra@globo.com...beijo carinhoso

Liah in Casulo disse...

A moça da torre distribui floreios poéticos como uma florista entrega toda doçura num ramalhete de flores multicores e perfumadas.

Bom ler-te!!ver-te!!saber-te flor da vida...

afecto e admiração.

O HOMEM SEM MEDO disse...

Encontrei você finalmente...

perdida nos meandro de minha mixordial lista de correio. requiescatava lá um email certo seu de indicação desse caminho.
Caminhei e logrei achar-te,

a Moça num tal 2008, FEZ fagulhas no atrito COM MINHA VISÃO,
esta , ja cansada de perder cores e nôumenos nas visitas por um caminho errôneo e sem destinatário.

Logrei achar-te!
Maximal!

Não se perca de mim, rogo, Bela Xarru!?

Izabel Xarru disse...

quem será esse homem, já com medo? queins?

Unknown disse...

Seu texto comovente me deixou tonta por aqui... já te linquei lá no meu bloguinho, pra que muitas pessoas conheçam esse trabalho tão delicado e intenso!

Obrigada por isso.

Anônimo disse...

Moça da Torre, meio abelha, meio borboleta. Do céu ao inferno entre a torre e a gruta.
Gostei.
bjs
V.

O HOMEM SEM MEDO disse...

Srta da Torre, da foto lavrada.
Cá estou eu-meio com medo de nada.
Somente a verdade constrói
a a minha verdade é esta:
Nem louro, nem vermelho
Mas espero esta no topo da floresta

De gente q logra leonizar o torpor
E o medo - seguro - não me prostra de dor

De vermelho a azul
De louro a negro
Me posto não-mais-ao-sul
Com vosso post me alegro

Conta-me uma história? Digo que sim
E estarei diante de vós como boneco de Stan Lee
Digo - não mais agora - minha história começa:

Somente inicio fazer justiça
Logro obtê-la sem pressa?
Chifres vermelhos não odirão
Mas certamente espadas azuis
TODA minha história literal
A ti somente te compus.

ºª disse...

Homem se medo ou ex homem, sei lá, pode, por gentileza, me dizer seu nome? Está me fazendo mal imaginar que vc é uma pessoa que pode querer me perturbar. Qual é seu nome? Que historinha é essa daí de 'toda a minha história' e de 'fazer justiça'? O que vc quer e quem é vc?

Nanda disse...

Vc estava guardando essas preciosidades de mim.

Beijos

Anônimo disse...

La nina de la Torre.
Fascinante.
leviano en su densidad.

honey